Eu sou uma pessoa que pensa muito sobre as coisas e isso me
traz grandes problemas às vezes, porque geralmente quem pensa muito também
pensa que sabe muito e é aí que me perco e muitas vezes, mesmo sem querer,
passo a imagem de quem acha que é dona da razão.
Essa é uma característica que sei que tenho desde pequena,
sempre tive facilidade em aprender as coisas e enquanto as outras crianças
estavam pensando na solução da questão dada pela professora eu já tinha a
solução e já tinha outras perguntas em cima daquela solução. É isso que quero
dizer com “eu penso muito sobre as coisas”, eu nunca olho um só lado e analiso
uma só possibilidade. Pelo contrário eu tento pensar no maior número de
possibilidades possíveis e impossíveis, porque elas têm essas características e
que resultados e problemas viriam com cada uma delas.
Isso congestiona muito minha mente e chega um ponto onde minha cabeça parece que vai explodir, sinto então uma tremenda necessidade de extravasar tudo isso, colocar para fora de alguma forma boa ao invés de descontar em pessoas que eu amo. E é por essa razão, principalmente, que resolvi ressucitar esse blog e voltar a escrever. Já estava passando dos limites.
Costumo ainda ter uma característica que alguns podem considerar totalmente insana: eu simulo todos os diálogos possíveis na minha mente antes de conversar
com alguém sobre certo assunto. Sim, exatamente. Conhecendo o assunto e a
pessoa eu simulo na minha mente quais são as possíveis respostas de tal pessoa
e que argumentos eu poderia usar que geraria a resposta que eu espero. E tudo
isso apenas no breve momento que caminho até a pessoa para conversar com ela.
Isso tudo é muito bom e tem bons resultados até o momento em
que me perco na linha da razão e por simular as possíveis reações e os
resultados delas muitas vezes eu interpreto mal o comportamento de alguém ou
até me iludo com isso, enganando minha mente que a pessoa falaria e faria tal
coisa antes mesmo de acontecer. Isso já trouxe sérias complicações.
O pior é que quando você tem uma pessoa que te ama e se
importa com você há grande chance de causar danos irreparáveis. Porque mesmo
não me tachando de certa a pessoa entende automaticamente isso quando eu
descrevo o que ela está sentindo e porque ela fez tal coisa sem dar a chance da
própria pessoa dizer isso. E então me sinto uma completa idiota e estúpida, porque ao invés de ajudar a pessoa com o que eu achei que seria bom (dizendo como ela se sente e o porque para que assim ela possa pensar melhor e mais calmamente no assunto ao invés de chegar ao desespero) eu atrapalhei totalmente e a pessoa agora pensa que eu estava tentando ser a certa da situação.
Mas pensando bem, com todos esses argumentos que eu dei nesse texto eu poderia também estar tentando ser a certa nesse exato momento, já que eu estou tentando justificar minhas ações de modo que no fim as pessoas entendam e realmente pareça que eu esteja certa. É por isso que eu me embolo e meus pensamentos parecem ser aqueles fones de ouvido que você joga na bolsa e quando você pega pra usar se tornam impossíveis de desembaraçar.
Certamente é uma coisa que eu tenho que pensar muito a
respeito, ironia não?